Crítica
Quando lançou Death Note em seu serviço de streaming, a Netflix recebeu uma saraivada de críticas pelo acúmulo de erros nessa adaptação, do desenvolvimento das personagens ao clima equivocado, consolidando o filme como um pastiche mal resolvido.
Com Bleach, a impressão já é diferente. A série de mangá, escrita por Tito Kuboque, e que possui tanta relevância quanto Death Note, chega com consistência e potencial para agradar fãs e neófitos nessa mitologia, ao respeitar a essência do material original.

A narrativa segue a trajetória de Ichigo Kurosaki, que desenvolveu a habilidade de ver pessoas mortas ainda na infância, em um passeio casual que fazia com sua mãe, quando ele viu uma aparição pela primeira vez, e que não terminou nada bem.
Já adolescente, ele conhece Rukia, que se revela uma Ceifeira de Almas, ao se deparar com um Hollow, um ser que devora a alma das pessoas. No embate entre ambos, ela enfrenta dificuldades para derrotar a criatura e repassa seus poderes para Ichigo, violando o código dos ceifadores.
Para recuperar as habilidades e voltar ao seu mundo, Rukia precisa desenvolver o potencial de um relutante Ichigo que passa por uma série de treinamentos, bem ao estilo Karatê Kid. E esse é ponto de partida para adentrarmos neste novo universo que vai se revelando por camadas.

Tais informações são repassadas de forma até bem didática e ao passo que novos elementos vão sendo introduzidos, o novelo só vai se entrelaçando ainda mais. O fato é que o tempo limitado do longa-metragem é pouco para obter um maior entendimento desse novo mundo. São tantos conceitos que em determinado momento até o protagonista admite sua dificuldade em assimilar tudo de uma vez.
Mesmo assim, Bleach cativa o público com sua estética videogame, com uma trilha que empolga no momento certo e efeitos especiais bem produzidos. Ichigo vai superando um desafio após o outro, até enfrentar o chefão, quando ele irá se deparar com traumas do passado e com o seu destino de guerreiro pós-moderno contra gigantescos monstros híbridos.
O desfecho deixa um gancho para futuras sequências. Aliás, ao que tudo indica, a Netflix também vai produzir uma sequência do controverso Death Note. Caso realmente aconteça, a empresa deverá tentar corrigir os rumos e se inspirar nos acertos de Bleach.
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